O Romance Policial é uma categoria literária estruturada em torno da ocorrência de um assassinato, das indagações, pesquisas, inquirições de testemunhas e, finalmente, da descoberta do criminoso. Todo o enfoque do autor recai sobre o mecanismo de desvendamento dos segredos envolvidos no crime, levado a cabo normalmente por um detetive profissionalizado ou de natureza amadora. Afinal, às vezes o personagem que soluciona o mistério é uma pessoa comum que passa a atuar como detetive, já que faz investigações em busca da verdade.
Este gênero literário deixa claro que não há atividade criminosa perfeita, e que não deve haver espaço para tolerância à criminalidade nem para carência de punição. Geralmente o indivíduo que comete o crime é descrito psicologicamente como uma criatura inusitada, à margem da racionalidade que move os mecanismos da vida social.
A ficção policial é povoada por ingredientes como o temor, o inexplicável, a pesquisa dos dados que cercam o crime, a inquietação intelectual diante dos fatos, a perplexidade, a sede de descobrir o criminoso e os motivos que o impulsionam a cometer o ato ilícito, todos convenientemente combinados nas devidas proporções, conforme o estilo de cada escritor e seu contexto. O modelo tradicional se apoia na total verossimilhança, o que leva investigadores como Sherlock Holmes a buscarem a contribuição da própria Ciência em sua obsessiva procura da verdade.
O romance policial é uma narrativa de mistério centrada na solução de um crime.
A narrativa policial apresenta estes elementos:
- crime;
- investigação;
- solução.
Os autores mais famosos do romance policial são Arthur Conan Doyle e Agatha Christie.
O signo dos quatro, de Arthur Conan Doyle, e o livro E não sobrou nenhum, de Agatha Christie, são famosos romances policiais.
CARACTERÍSTICAS DO ROMANCE POLICIAL
Mistério e suspense
O acontecimento principal do romance policial é a ocorrência de um crime. Pode ser um roubo ou um assassinato. Portanto, o grande mistério desse gênero de romance é a identidade do ladrão ou assassino.
Detetive
Para solucionar o caso, é comum a presença de um detetive. Porém, também é possível que quem descobre a identidade do criminoso seja um personagem comum, mas que passa a investigar o roubo ou assassinato. O detetive clássico é racional, com grande capacidade de dedução. Mas esse tipo de detetive não é uma regra.
Pistas
Durante a narrativa, o narrador vai revelando pistas que podem indicar a identidade do criminoso. Essas pistas servem para o detetive chegar a uma conclusão plausível, mas também são utilizadas pelo leitor ou pela leitora, que se diverte em tentar desvendar o mistério.
Revelação
Com raras exceções, a verdade só aparece no final do romance, quando é feita a revelação e, assim, termina o mistério.
Motivação
O criminoso sempre tem uma motivação para cometer o crime. Pode ser vingança, interesse na herança da vítima ou simplesmente ambição. Mas a motivação também pode ser de ordem psicológica e, por isso, menos evidente.
PERSONAGENS
Além da vítima e do detetive, existem outros personagens. Eles têm alguma relação com a vítima. Mas também é comum um ou mais personagens que fazem parte do convívio social do detetive.
Criminoso
O autor do crime é um dos personagens da narrativa. Todos são suspeitos, sem exceção.
Entretenimento
A maioria dos romances policiais é narrativa de entretenimento. Portanto, serve para a diversão, não pretende apresentar uma visão crítica da realidade.
Narrador
O narrador observador é o tipo mais comum nesse gênero de narrativa. Isso não quer dizer que o romance não possa ter um narrador-personagem ou um narrador onisciente.
Importante: Vale mencionar que, apesar de os detetives mais famosos dos romances policiais serem do gênero masculino, pode haver também detetives do gênero feminino. Um exemplo é a personagem Miss Marple, presente em alguns romances de Agatha Christie. Além disso, pode haver um criminoso, uma criminosa ou vários criminosos.
A história deste gênero tem início com a obra Assassinatos na Rua Morgue, do renomado Edgar Allan Poe, lançado há mais de um século; este clássico determinou as principais qualidades estéticas do romance policial. Poe praticamente dita as regras que serão seguidas por seus sucessores; quase todos adotam a figura do parceiro do detetive, que lhe vale como suporte. Também não faltam a aparência austera e a solidão que acompanha o investigador.
Muitas destas obras apostam igualmente na caracterização psicológica dos personagens; são seres normais, como qualquer um, mergulhados em seus dramas pessoais, repletos de aflições, tristezas, ansiedades, pavores e expectativas. Seu público-alvo devora todos os livros de seu escritor dileto, não estão enquadrados em gêneros ou faixas etárias definidas e geralmente navegam pelo romance de uma única vez.
Boa parte dos escritores deste gênero escreve em língua inglesa, confirmando a tradição desta ficção, nascida nos Estados Unidos; são nomes como Arthur Conan Doyle, Aghata Christie, Rex Stout, Raymond Chandler, Dashiell Hammett, Denis Lehanne, P.D. James, Patricia Cornwell, entre outros.
A galeria de detetives famosos também é vasta e conhecida; dificilmente alguém habituado a viajar pelas páginas de um livro irá desconhecer personagens como Sherlock Holmes, Hercule Poirot, Maigret, Sam Spade, e outros tantos. São figuras de destaque no imaginário de cada leitor.
No Brasil a ficção policial vem ganhando impulso com escritores como Luiz Alfredo Garcia-Roza, um mestre na arte de caracterizar psicologicamente seus personagens, e em retratar cenários cariocas, onde são ambientadas suas narrativas, protagonizadas pelo detetive Espinosa; e Patrícia Melo, autora, entre outros, de Inferno, vencedor do Prêmio Jabuti em 2001, especialista em mergulhar na mente dos criminosos. Em São Paulo o campo de ação é de Joaquim Nogueira e seu investigador Venício. É impossível deixar de lado a clássica obra de Rubem Fonseca, ex-policial que se vale da própria experiência na criação de suas tramas, nas quais desfilam os velhos colegas de profissão.
Fontes:
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing
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