Aquele indivíduo, funcionário eficiente, temperamento expansivo, educação fina, sem defesas, sorria para todos. O público a quem atendiam, não o pertubava, trazia-lhe satisfação, pois aproveitava os contatos, conversava com todos, vivia em paz. O funcionário continuava na mesma toada: de bem com a vida, transmitia serenidade e angariava amigos.
Menos, a consideração do chefe, que permanecia inconformado. Não era possível! Não compreendia! Atender gente o dia todo, durante meses seguidos e continuar com o sorriso nos lábios, tratando bem a todos, até mesmo aos reconhecidamente chatos (?); devia ser pouco serviço, ajuizava ele. Então, começou a premiar o rapaz com mais atribuições. Quanto mais sorriso, mais serviço.
Agora, o rapaz só dava conta da papelada, se ficasse fora do horário de expediente. Por um tempo, não reclamou, o salário era bom, então, correspondia da melhor maneira possível.
Mas, um dia, sua jovem esposa queixou-se da ausência dele no lar, da falta de companhia, pois queria-o ao seu lado para conversas sobre a vida, para lazer e lamentava o horário de seu regresso do trabalho, o que acontecia lá pelas 21 ou 22 horas.
Ele percebeu que há muito não se distraía, só preocupado com o acúmulo de responsabilidades no escritório. Sentiu o semblante sério e carregado. O espelho da sala lhe revelou raiva, cansaço físico e mental. Cara amarrada. Insatisfação com o ordenado.
Aí, a triste resolução: pede demissão, não real, mas psicológica, do trabalho. Limitou-se ao essencial. Nunca mais sorriu nos dias da semana.
Passou a ser feliz apenas aos domingos.
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Maria de Lourdes Prata Garcia (pseudônimo Lóla Prata) nascida em Santos, SP, em 1940. Já morou em Santos, Adamantina, Lucélia e São José dos Campos, no estado de São Paulo. Formou-se professora primária no Colégio São José, Santos, 1957. mora em Bragança Paulista desde 1974. Idealizadora da Associação de Escritores (ASES) em 1991 e fundadora da Seção da União Brasileira de Trovadores (UBT) em 2007. Vinte e cinco livros publicados em plataforma física e/ou virtual, entre os quais o Dicionário de Rimas ARRIMO, aceito na Academia Internacional de Lexicografia em 2004. Acadêmica correspondente da Academia Feminina de Ciências, Letras e Artes de Santos-SP; Academia Feminina de Letras e Artes de Jundiaí-SP; Academia Pontagrossense de Letras, Ponta Grossa-PR; Sociedade de Cultura Latina do Brasil, Mogi das Cruzes-SP; Academia de Ciências, Letras e Artes de Columinjuba – Maranguape-CE; Academia Taubateana de Letras. Taubaté-SP.
Fontes:
Lóla Prata. Vivendo. Publicado em 1978. Disponível em https://www.lolaprata.com.br/vivendo
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